FIA discute o futuro dos motores da Fórmula 1 em reunião decisiva no Bahrein
- Bianca Emisa

- 11 de abr.
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Atualizado: 27 de mai.
Líderes das montadoras e chefes de equipe se reuniram com a FIA e FOM para alinhar a direção tecnológica da F1 a partir de 2026, com foco em sustentabilidade, redução de custos, apelo ao público e rejeição à proposta passada de retorno dos motores V10

Por Bianca Emisa
Em um encontro considerado estratégico para o futuro da Fórmula 1, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) promoveu, nesta quinta-feira (11), uma reunião no Bahrein com representantes das principais montadoras e equipes da categoria, além de membros da Fórmula One Management (FOM). O encontro teve como principal objetivo discutir os rumos tecnológicos da Fórmula 1 a partir de 2026, com foco em sustentabilidade, redução de custos e no fortalecimento do apelo da categoria junto ao público global.
Presença institucional de peso
Com a presença de líderes como Mohammed Ben Sulayem (presidente da FIA), Stefano Domenicali (CEO da FOM) e Nikolas Tombazis (diretor de monopostos da FIA), a reunião contou com a participação presencial e virtual de executivos da Audi, Ferrari, Ford, General Motors, Honda, Mercedes e Red Bull Powertrains. Nomes como Toto Wolff (Mercedes), Christian Horner (Red Bull), Frédéric Vasseur (Ferrari), Gernot Döllner (Audi), Mark Reuss (GM), Koji Watanabe (Honda) e Mattia Binotto (Stake F1) estiveram envolvidos nas discussões, destacando o peso institucional e técnico do encontro.
Durante a abertura da reunião, Ben Sulayem ressaltou a importância de preservar a viabilidade esportiva e econômica da Fórmula 1. Segundo o presidente da entidade, o esporte precisa evoluir constantemente, mas sem comprometer sua essência ou se tornar financeiramente inviável para fabricantes e equipes. A fala reforçou o compromisso da FIA com um futuro sustentável, tanto no aspecto ambiental quanto na gestão dos custos operacionais.
As regulamentações previstas para 2026 foram reafirmadas como ponto central da nova fase da categoria. As futuras unidades de potência híbridas utilizarão combustíveis 100% sustentáveis, marcando uma transformação profunda na matriz energética da F1. Essa proposta já foi responsável por atrair novos fabricantes para o grid, como a Audi e o retorno da Honda em uma nova configuração. Ainda assim, a FIA deixou claro que o debate segue aberto para ajustes técnicos e operacionais antes da implementação definitiva dessas regras.

Proposta dos motores V10 divide opiniões
Entre os tópicos mais recentes debatidos está a possibilidade de adoção de motores aspirados movidos a combustíveis sustentáveis. A proposta surge como uma alternativa para simplificar os atuais sistemas híbridos, o que pode contribuir para reduzir custos, ampliar o apelo sonoro dos carros e trazer mais previsibilidade no desenvolvimento tecnológico.
No entanto, uma sugestão que gerou polêmica foi a ideia de reintroduzir motores V10 na Fórmula 1, defendida pelo próprio presidente da FIA como uma possível alternativa para 2028 ou 2029. A proposta, no entanto, não encontrou apoio entre as montadoras. De acordo com informações apuradas pela revista AutoSport, Audi, Honda e Mercedes foram as vozes mais firmes contra esse retorno, argumentando que tal mudança comprometeria os investimentos já feitos nas unidades de potência de 2026 — e que, no caso de Honda e Audi, o interesse na Fórmula 1 está diretamente ligado à proposta de eletrificação dos motores. Além disso, a nova fórmula de motores já está quase pronta para estrear em 2026, com cerca de 50% da potência vinda da parte elétrica (contra os 20% atuais) e o uso de combustíveis totalmente sustentáveis.
Caminhos definidos e próximos passos
Ao longo da reunião, os participantes discutiram ainda uma série de medidas voltadas para o futuro da categoria. Entre elas estão a redução dos custos de pesquisa e desenvolvimento das unidades de potência, o fortalecimento da resiliência do esporte frente às oscilações econômicas globais, a diminuição da complexidade dos motores sem comprometer segurança e desempenho, a manutenção da relevância dos propulsores em relação aos carros de rua e o cuidado em manter o apelo da F1 junto ao público, considerando aspectos como som, velocidade e espetáculo.
Embora o encontro tenha abordado propostas de médio e longo prazo, todas as partes envolvidas reforçaram o comprometimento com o atual caminho traçado para 2026. A eletrificação continuará presente nas unidades de potência, ainda que em níveis ajustados, e o uso de combustíveis sustentáveis será mandatário. Além disso, a FIA se comprometeu a revisar os regulamentos financeiros específicos para as unidades de potência, buscando mecanismos mais eficientes de controle de gastos e investimentos em pesquisa e inovação.
O policiamento dessas regras será prioridade nos próximos anos, com o objetivo de garantir equidade entre as equipes e sustentabilidade financeira para os fabricantes. A FIA também enfatizou que qualquer novo regulamento será definido em colaboração com todos os stakeholders da categoria, assegurando uma construção conjunta e transparente do futuro da Fórmula 1.
Construção de uma nova era para a Fórmula 1
A reunião no Bahrein marcou mais um passo decisivo rumo a uma nova era da categoria. O envolvimento de figuras-chave e fabricantes globais demonstra que o futuro da F1 está sendo desenhado a muitas mãos — com equilíbrio entre inovação tecnológica, responsabilidade ambiental, gestão de custos e, acima de tudo, o compromisso com o espetáculo que consagrou a Fórmula 1 como um dos esportes mais populares e emocionantes do mundo.








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