Wolff descarta Le Mans com regras atuais e diz que Mercedes só volta com mudanças no regulamento
- Izadora Caires

- 24 de jun.
- 3 min de leitura
Chefe da equipe Mercedes critica sistema de equilíbrio de desempenho e afirma que foco da marca continua sendo a Fórmula 1

O chefe da equipe de Fórmula 1 e CEO da Mercedes, Toto Wolff, comentou sobre a possibilidade de a marca retornar à lendária 24 Horas de Le Mans. De acordo com ele, a equipe alemã só consideraria voltar à prova francesa caso o regulamento de equilíbrio de desempenho (BoP) fosse retirado.
“Le Mans... Eu sou um piloto. As 24 Horas de Le Mans são uma das maiores corridas do mundo”, afirmou no podcast Bloomberg Hot Pursuit, ao ser questionado sobre a chance da Mercedes voltar ao evento.
“A Fórmula 1, para mim obviamente, sou tendencioso é a melhor que existe. São os melhores pilotos, os carros mais rápidos, as melhores pistas. Mas se eu tivesse que dizer o que vem depois? As 24 Horas de Le Mans e a Indy 500. E depois, para os verdadeiros fãs, as 24 Horas de Nürburgring. Essa, para mim, é a melhor das melhores”, completou.
“Quando não estou em um fim de semana de F1 posso assistir a uma corrida de Le Mans praticamente a noite toda. Estou acompanhando a transmissão ao vivo e conheço alguns dos pilotos, então tenho um interesse pessoal”, acrescentou Wolff.
A relação da Mercedes com Le Mans é marcada por episódios traumáticos. Em 1955, a marca viveu uma das maiores tragédias da história do automobilismo, quando Pierre Levegh, pilotando o 300 SLR, se envolveu em um grave acidente. O carro decolou após uma colisão, matou o próprio piloto e mais 83 espectadores atingidos pelos destroços. A equipe se retirou das competições no fim daquele ano.
O retorno veio anos depois em 1999, com o projeto do protótipo CLR, que ficou marcado por apresentar graves problemas de estabilidade aerodinâmica. Naquele ano durante a corrida, os carros chegaram a decolar, desde então, a marca só participou de provas na categoria GT3, através de um programa para clientes, como o desenvolvido em parceria com a equipe italiana Iron Lynx.
“Como Mercedes, é algo que já fizemos no passado”, relembrou Wolff. “Mas não estávamos particularmente... não era o nosso lugar mais feliz. Tivemos um acidente muito grave nos anos 50, quando saímos, e alguns de nossos protótipos estavam voando, literalmente decolando, nos anos 90 e no início dos anos 2000. Acho que foi na década de 1990. Mas hoje, para mim, estamos nos concentrando na plataforma principal, que é a Fórmula 1, é o que queremos fazer. Ela capta 99% do público. Todo o resto vem em segundo lugar. Agora, entramos com a Mercedes na categoria GT3. Isso é algo que estamos analisando como nosso programa para clientes.”
Wolff também deixou claro que o modelo atual de Le Mans, com o sistema de equilíbrio de desempenho (BoP), não agrada à Mercedes.
“E há uma pequena ressalva em tudo isso: na Mercedes, somos pessoas de corrida. Não gostamos de BoPs, não gostamos de equilíbrio de desempenho. Não gostamos que alguém avalie sua potência, seu consumo de energia, seu peso, sua habilidade de piloto... Você gasta tanto tempo, dinheiro e esforço para desenvolver o carro mais rápido e depois recebe 10 quilos de lastro”, destacou. “Eu não quero isso. Só quero construir o carro mais rápido.”
Na visão de Toto, trabalhar com teto orçamentário e regulamentos técnicos claros, é o caminho ideal.
“A Fórmula 1 mostrou como isso deve ser feito. Dê-nos um limite de custo. Façam mais disso. Você não pode gastar mais do que, seja lá o que você disse, 30/40 milhões. E dentro desses 30/40 milhões, pode fazer o que quiser. Quero dizer, ainda existem regulamentos, mas ninguém precisa blefar nos testes de pré-temporada ou na classificação. É pura corrida”, explicou.
Para Wolff, só com uma mudança nesse formato Le Mans poderia entrar novamente nos planos da Mercedes. “Se isso acontecesse, então Le Mans seria algo que nós iríamos considerar. Mas, no momento, com o BoP, ter alguns oficiais julgando se você é muito rápido, adicionando 10 quilos ao seu carro ou tirando-o do carro de outra pessoa no dia seguinte, isso não é para nós no momento”, finalizou.








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